terça-feira, 8 de novembro de 2011

Alma imortal


Alguns séculos antes de Cristo, vivia em Atenas, o filósofo Sócrates. A sua filosofia não era uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele vivia. Aos setenta e tantos anos foi Sócrates condenado à morte, embora inocente. Enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, seus amigos e discípulos moviam céus e terra para o preservar da morte. O filósofo, porém, não moveu um dedo para esse fim; com perfeita tranqüilidade e paz de espírito aguardou o dia em que ia beber o veneno mortífero. Na véspera da execução, conseguiram seus amigos subornar o carcereiro, que abriu a porta da prisão. Críton, o mais ardente dos discípulos de Sócrates, entrou na cadeia e disse ao mestre: "Foge depressa, Sócrates!" "Fugir, por que?" - Perguntou o preso. "Ora, não sabes que amanhã vão te matar?" "Matar-me? À mim? Ninguém pode matar-me!" Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou: "Críton, achas que isto aqui é Sócrates?" E, batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou: "Achas que isto aqui é Sócrates? Pois é isto que eles vão matar, este invólucro material; mas não a mim. EU SOU A MINHA ALMA. Ninguém pode matar Sócrates!" Sócrates permaneceu sentado na cadeia aberta, enquanto Críton se retirava, chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre. No dia seguinte, quando o sentenciado já bebera o veneno mortal e seu corpo ia perdendo aos poucos a sensibilidade, Críton perguntou-lhe, entre soluços: "Sócrates, onde queres que te enterremos?" Ao que o filósofo, semiconsciente, murmurou: "Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates, quanto a esse invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu, EU SOU MINHA ALMA." E assim expirou esse homem, que tinha descoberto o segredo da FELICIDADE, que nem a morte pôde-lhe roubar.

Parte de um texto de Uberto Rhodes

A morte não existe! Somos seres imortais. Só morremos, quando somos simplesmente, esquecidos.

Um comentário:

Gislene disse...

Muito bonito Sara.

Acredito que nem quando esquecidos, morremos.

Um beijo!